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Animais de estimação causam brigas entre vizinhos e famílias se mudam para fugir de problemas


Star é, como o nome indica, é praticamente uma estrela. No Leblon, no Rio de Janeiro, onde mora com a família, a boxer de 8 anos é abordada na rua com frequência, e é o xodó das suas donas, Ana Paula Almeida, de 47 anos, e Maria Eduarda Almeida, de 6 anos. Mas no último mês, como se estivesse de fato em um thriller de suspense, a rainha da casa se tornou motivo de ameaças à segurança de todos: o vizinho do andar de cima, professor e árbitro de jiu-jitsu, prometeu matar a cachorra. Dirigida à matriarca, a frase “eu vou acabar contigo” ainda ecoa, sem parar, durante as noites de insônia.


Assustada, ela registrou queixa no 14º DP do Leblon e, em seguida, decidiu se mudar para outro prédio.


— É muito ruim chegar à casa e não conseguir ter paz por medo do que ele pode fazer, ainda mais com o trauma que essa violência gratuita pode deixar para a minha filha — diz Ana Paula.


A situação começou com uma abordagem do vizinho à passeadora Marivalda de Sousa, de 38 anos, na portaria do prédio. O recado era o de que o animal “encheu o saco” e que a dona “deveria dar um jeito naquilo”. O segundo aviso foi mais violento: “Da próxima vez que esse cachorro me incomodar, não respondo por mim. Posso jogar veneno”, teria dito ele, entre palavrões, mesmo na presença da esposa e do filho. Assustada, Val voltou para casa com os olhos marejados e pediu que a dona tomasse uma atitude.


— Ele já tinha confessado que jogou um biscoito para Star para fazer com que ficasse quieta na primeira vez que encontrou a passeadora. Ele poderia fazer de novo e pior. Depois, quando a vi tão nervosa, fiquei realmente assustada — conta Ana Paula.


Decidiu tocar a campainha do vizinho para acabar com o mal entendido e foi recebida educadamente pela vizinha, mas a conversa foi interrompida pelos gritos do homem: “Por que essa mulher está enchendo o saco na porta de casa?”. A conversa cresceu em volume e, quando Ana Paula se deu conta, o homem calçava o tênis para avançar sobre ela. Foi salva pela esposa dele, que fechou a porta para evitar que a acertasse. A frase “Você vai ver o que vou fazer com você” foi determinante para que decidisse procurar ajuda.


— Quando voltei para casa, depois da delegacia, acendi todas as luzes. Fiquei em pânico de verdade. A cena foi muito forte, nunca tinha passado por isso, mas temo principalmente pela segurança da minha filha. Não se sabe o que um homem que age dessa maneira pode chegar a fazer — conta.


O pavor de encontrar o vizinho se confirmou. Alguns dias depois, por coincidência, chegaram à portaria do edifício no mesmo instante. As ameaças voltaram.


— Ele disse para eu ficar esperta, que eu não sabia com quem estava mexendo. Depois, soube que no mesmo dia ele foi intimado e, desde então, não disse mais nada. Mesmo assim, quero morar em um lugar onde não tenha medo de sair. Agora estou à procura de outro apartamento – afirma Ana Paula, que fez nova queixa.


A convivência com o barulho


Em 2011, a dona de casa Cássia Rodrigues, de 30 anos, e o desenvolvedor de software Públio Romano, de 31 anos, esperavam o primeiro filho ansiosamente, mas só conseguiam aproveitar o momento nos intervalos entre as latidas do cachorro da vizinha. Recorreram ao síndico, que conversou com os moradores - sem sucesso. O desespero os levou à polícia, que sugeriu que procurassem o administrador do prédio. Por fim, tiveram que se mudar do apartamento onde viviam, no Méier, para não terem que conviver com o cachorro – e com os moradores que moravam do lado.


— Eu sentia muito sono o dia todo e não conseguia dormir. Mesmo antes da gravidez eu já tinha pedido que ela tomasse uma providência, porque meu marido precisava dormir muito cedo, mas o cão só parava de latir depois das 22h. Ela me atendeu muito bem de início, mas nada mudava. Com o tempo, foi perdendo a gentileza.


Para Cássia, pior do que suportar o barulho do animal, é o próprio clima que a indisposição entre vizinhos deixa no ar e, além disso, a falta de recursos para resolver o problema.


— Com o tempo, a gente vai perdendo o carinho pelo prédio, perde a graça. E parece até que, quanto mais você pede, por mais educada que seja, mais o vizinho procura te irritar. O cachorro não tem culpa nenhuma: o dono que não soube educar – conta.


No final da gravidez, cansados do cabo de guerra, eles optaram em se mudar. Ícaro, hoje com quatro anos, conseguiu dormir à vontade.


— A nossa prioridade era viver bem, especialmente com a chegada do bebê. Não dava para continuar daquele jeito. Foi o melhor que podíamos fazer.


O que fazer?


O advogado Bruno Mariosa explica que o melhor caminho é sempre recorrer às regras do condomínio e, assim, tentar resolver o problema mais rapidamente e com menos burocracia - com a aplicação de multas, por exemplo. Mas, se o problema persistir, a Justiça deve ser acionada.


— Se o animal incomodar de verdade, ou seja, passar do razoável, cabe uma ação baseada no direito do sossego. Vale lembrar que não é qualquer picuinha entre vizinhos que pode gerar um processo. A regra é o bom senso.


Bruno explica que cabe ao profissional orientar sobre quais são as melhores maneiras de demostrar o abuso, ou seja, de recolher provas. Se o juiz considerar a situação considerada muito grave, pode dar uma decisão liminar para antecipar.


— É preciso lembrar que viver em sociedade sempre pode gerar transtorno e, portanto, é fundamental ter paciência. Se o cão latir por 15 minutos, faz parte. Mas, se late o dia todo, cabe uma ação.


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